domingo, 1 de janeiro de 2012

Filha de Ártemis - Cap 3 - parte 1

Capítulo 3 - Problemas e Enigmas? Sempre...

Ps: Esse é o templo que aparece no sonho.




POV : Will

Fazia apenas seis horas que tinha começado a correr. Parei num beco para descansar. Sentei no chão e fechei os olhos, em menos de cinco minutos adormeci e sonhei.
O lugar do sonho fazia qualquer pessoa que gosta de Mitologia Grega ficar de boca aberta.
Simplificando, eu estava adorando. Era um lugar amplo, de mármore, estava sendo iluminado pelo luar. Havia alguém conversando lá dentro. Estava curioso, então entrei. Lá dentro era tão incrível quanto o lado de fora. Dentro havia pilastras que sustentavam o teto, no meio havia uma estátua de uma mulher com arco e flecha ao lado de um αρσενικό ελάφι (cervo). Era um templo dedicado para Άρτεμις (Ártemis), supus.
Duas pessoas estavam conversando embaixo da estátua. Me aproximei mais, a escuridão não ajudava. Eram mulheres, e pelo tom de voz estavam discutindo.
- Minha filha é muito preciosa, não irei reclama-lá amanhã!! - falou a mais alta.
- A minha é mais importante!! - a outra gritou.
- A sua!? A minha que vai nos ajudar, a sua é uma parte bem pequena!!
Agora as duas estão gritando, a coisa deve estar muito ruim.

- Pare!! Você é poderosa, mas eu sou mais importante!!
- Não é não!! Eu e você somos praticamente iguais!!
- Daqui duas semanas!! Nem mais, nem menos. Está bom para você?
Se continuar assim, vou acordar com dor de cabeça.
- Melhor. Mas não, tem que ser no ηλιοστάσιο (solstício).
- Por quê? τύπου (Prima)?!
- Quieta! - isso foi um sussurro tão baixo que mal ouvi.
- Por quê?
As duas sussurrando.
- Achei que seu irmão que fizesse as perguntas bobas.
- Alguém está sonhando. Não?
- Sim.
Elas se viraram e me viram. A alta parecia que estava com seus vinte e poucos anos, tinha o cabelo σκούρο καφέ (castanho escuro) e os olhos da mesma cor, mas um pouco arroxeado.  A outra aparentava, no máximo, treze anos. Seus cabelos eram de um castanho claro, os olhos eram de uma cor bem diferente, κίτρινο ασήμι (amarelo prateado), como a lua.
- Garoto, você não contará a ninguém sobre essa conversa!! Está certo?
As duas falaram isso no mesmo tom de voz, muito σοβαρή (severo), τρελός  (raivoso) e que diz: ' A punição será severa se você recusar! '
- Sim. - falei com a voz tremendo. Eu não sei como percebi, mas senti que o poder em volta delas estava um pouco instável, pronto para explodir.
Elas olharam entre si uma última vez antes do sonho acabar.
***
Acordei e o sol estava raiando. Peguei algumas bolachas que tinha colocado na mochila e levantei. Andei mais algumas quadras. Ouvi um bater de tambor, como devia ter uma escola de musica por perto não me importei. Continuei andando, mas o barulho me seguia. Só aí que percebi, eram apenas seis da manhã!! Que escola de música abre essa hora?
Olhei por cima do ombro e... Congelei.
Um mini-Cérbero estava me seguindo. Mini, primeiro porque acho que o real é πολύ (MUITO) maior. Segundo, esse devia ter quase três metros. Nas histórias o original tem quase seis.
O olhar dele me παρέλυσε (paralisou), não conseguia andar. Ele chegava cada vez mais perto, era possível sentir o chão tremer enquanto ele corria na minha direção. Ele chegou tão próximo que senti a respiração dele no meu pescoço. Depois senti o bafo, estava quase morto. Eu ia virar ração de κουτάβι γίγαντας σκύλος (cão filhote gigante).
Uma coisa me surpreendeu. Ele não me mordeu, bom, não exatamente. Ele me segurou pelo colarinho da camisa e andou. Não sabia para onde ele estava me levando. Fechei os olhos, esperando que fosse apenas um pesadelo e que não demorasse a acabar.
σημαίνει το κουτάβι σας !! (Seu filhote malvado!!) Σου ζήτησα να το φέρει στη ζωή !! (Pedi para você trazer ele vivo!!)
Levantei a cabeça, era uma velhinha gritando. Ela era mais baixa que eu, devia ter por volta de 1,55. Tinha a aparência severa, cabelos brancos e olhos de um verde claro experiente. Quando viu que eu estava acordado quase pulou de φόβος (susto), mas logo em seu rosto sua expressão se tornou ανακουφισμένος (aliviada).
ό, τι καλό είναι ζωντανός !! (Que bom que está vivo!!) Ah, desculpe. É um velho hábito falar grego antigo.
Ela falou isso com a voz bem doce. Isso normalmente quer dizer, em minha opinião: problema. Quem é ela? Por que ela mandou um cachorro gigante atrás de mim? O que ela quer comigo?
Agora que percebi, que as outras duas cabeças do monstro estavam me olhando bem estranho. Comecei a me sacudir, as três cabeças rosnaram, mas continuei. Só depois que a velhinha notou.

- Solte-o Ale!! – falou a vovó com uma voz poderosa. – μαρκίζα (Alero), volte para casa. Agora!!
O bicho só abriu a boca, em outras palavras, eu me estatelei no chão. Levantei rapidamente, e tirei um pouco da poeira que estava em minhas roupas e me preparei para ir embora.
- Não. Você fica.
Eu vi uma expressão τρομακτικός (assustadora) tomar conta do rosto daquela velhinha ‘inocente’. Ela chegou até mim num piscar de olhos e agarrou minha camisa.
- Você só sai daqui quando eu quiser, ouviu? – a voz estava mais απειλή (ameaçadora) do que antes.
Apenas acenei a cabeça num gesto de afirmação. Ela é um monstro, pensei, certeza absoluta. Ela me levou para dentro de uma casa. A porta de entrada marrom levava a uma sala bordô. Havia algumas poltronas roxas no meio do cômodo, duas delas estavam ocupadas com idosas parecidas com a que me segurava. Elas pareciam mais... Selvagens? Não, agressivas.
Consegui me livrar do aperto daquela senhora.
- Quem são vocês? – perguntei esfregando o braço.
- As senhoras que ninguém quer encontrar após a morte. - Responderam as três juntas, num tom que indicava que, entre elas, é uma piada.
As duas que estavam sentadas se levantaram, e começaram a se aproximar.
- Olhe se não é o domador dos fracos. – disse a que estava à direita.
- Vamos fazer o que com ele irmã? – a outra.
Quando chegaram a menos de dois metros de mim se afastaram como se tivessem levado um choque.
- Quietas!! Não vamos machucá-lo, por enquanto. E vocês parem de se vangloriar, eu fui à única que foi forte o suficiente para suportar ser repelida.
- Mas e o Alero? - Falaram as outras duas.
- Caso á parte, chega de perguntas. – disse voltando-se para mim – Você vai para o quarto, talvez tenha alguma coisa para comer lá.
Fui para a porta que ela indicou. E, logo que entrei, tranquei a porta.
O cômodo era bem iluminado, as paredes eram de um azul cinzento sem brilho. A cama estava arrumada, em cima da escrivaninha, tinha uma bandeja com comida. Eu estava morrendo de fome, mas ignorei esse detalhe. Me joguei na cama e tentei descobrir qual tipo de monstro aquelas velhinhas eram.
Quando estava quase pegando no sono lembrei. Só em descobrir quase tentei fugir pela janela, mas estava trancada por fora (não perguntem).

Só em pensar já me assustava com a sorte que estava tendo, afinal elas não tentaram me machucar, ainda. Continuei na cama tentando me acalmar, antes de tudo escurecer pensei.
Fúrias.

4 comentários:

  1. Muito bom Carol ta demaissss!! Não para aliás tu escreve muito bem!!

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  2. Carol, to achando a história meia sinistra!! com essa coisa de mini-Cérebro de várias cabeças e "senhoras que ninguém quer encontrar após a morte"... mas está ficando cada vez mais interessante!! Depois vou recomeçar a ler desde o início, pra ver se me familiarizo mais com os personagens!! E também vou aprender um pouco mais sobre mitologia (e quem sabe não leio os livros do Percy tb?!?! rsrs). Continue escrevendo que estamos acompanhando!!

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    1. Tio, por favor , leia direito: É Mini-CÉR-BE-RO e não cérebro. Eu entendo que você não sabe muito de Mitologia Grega, mas tio, de onde você leu cérebro?
      Cérbero é o cão de três cabeças do Hades. E, quanto às senhoras que ninguém quer encontrar após a morte, são as Fúrias, elas são uma espécie da "Assistente" do Hades, e são responsáveis em Punir as Almas após a morte, com base no que elas fizeram em Vida. Entendeu???

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  3. Poxa Carol, não precisava esculachar!!! rsrsrs
    Vou estudar mitologia e língua portuguesa agora antes de ler suas histórias!!! rsrs

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