POV: Autora linda e maravilhosa (e nada
convencida)
Os anos se passaram lentamente para
vários.
Theo, Clair e Kath ficaram
absolutamente chocados quando Lily contou para eles o que aconteceu, Kath
acabou tendo um ataque e ficou quase uma semana trocando o mínimo de palavras
possível, o mesmo aconteceu com Theo, dos três, a que menos apresentou
preocupação foi Clair.
Helen ficou extremamente preocupada com
a amiga, pois ela se recusou a comer por quase um mês, então, haviam vezes que
ela preferia que Lilian e Will jamais tivessem se conhecido.
Os três amigos voltaram para suas casas
e falaram com a mãe de Willian, esperando que ela tivesse recebido alguma
notícia.
Negativo. Nem ela recebeu.
E assim se passaram três longos anos.
Nesse meio tempo várias coisas aconteceram.
Theo e Clair terminaram, ninguém sabia
o motivo, afinal, estavam muito felizes namorando, mas depois de dois
duradouros anos de namoro terminaram.
Kath e Connor terminaram alguns meses
depois, com dois anos e dois meses de namoro. Pelo que disseram, a paixão
acabou.
Kath e Clair deixaram de ser amigas
mais ou menos um ano depois do término. Como deixaram de ser amigas? Ninguém
sabe, mas elas, agora, nem se cumprimentam.
Mas será que algum dia isso ia mudar?
POV: Lily
Inspirar, expirar, inspirar...
Lancei a faca novamente no alvo,
acertando o centro. O mesmo se incendiou em fogo azul, me fazendo suspirar.
Eu não acertava o feitiço, o fogo tinha
de ser roxo, não azul.
Sentei acabada no chão, colocando a
cabeça entre os joelhos. Eu precisava das coisas que eu não podia ter. E neste
momento.
Sentia falta do meu pai, não tive
maneiras de contar o que aconteceu, ele havia pedido para eu tentar mandar o
mínimo de cartas possível, pois estava se mudando frequentemente. E Will,
ninguém sabia nada dele, se ele estava vivo ou não. Segundo Theo e Kath, nem a
mãe dele sabia.
- Lilian! - chamou alguém ofegante
atrás de mim
Virei e vi Helena.
- O que houve? - perguntei arqueando as
sobrancelhas
Ela colocou a mão no peito para acalmar
a respiração, inspirou fundo.
- Tem uma campista nova... - antes que
terminasse a interrompi
- É verão, sempre chegam campistas
novos.
- Eu não terminei. - estreitou os olhos
- Quíron pediu para você apresentar o acampamento para ela.
- Por que eu?
- Porque o homem que estava junto pediu
que fosse com você.
Revirei os olhos, ela me acompanhou até
a casa grande.
- É aquela garota. - Lena sussurrou
apontando para a menina que estava sentada na varanda, balançando as pernas
Fui em sua direção, quando já estava
próxima, ela virou a cabeça e vendo me em seguida.
- Olá, prazer, sou Lilian. Você é a
campista nova? - perguntei sorrindo
- Sim. Meu nome é Vitória, prazer. -
cumprimentou-me estendendo a mão, apertei-a
- Vamos conhecer o acampamento?
- Eu adoraria. - falou com a voz suave,
colocando o cabelo para trás da orelha
Apresentei a ela todo o local, de vez
em quando ela arqueava as sobrancelhas, como se estivesse surpresa, mas não
impressionada.
- E é isso. - falei quando acabamos
- Obrigada por me mostrar! Eu vou ficar
em qual bl... Quer dizer, chalé?
- Você á foi reconhecida? - ela
assentiu - Sua mãe ou pai é...
- Afrodite.
- Então você vai ficar no chalé dez.
- Aquele cor de rosa? - perguntou
franzindo o nariz em desgosto
- É, Mas não se preocupe você tem
vários irmãos legais.
- Tudo bem... - Ela se virou observando
a colina - Eu já volto, vou me despedir do Stephen. - e correu
Franzi as sobrancelhas, eu conhecia
alguém com esse nome, mas não me lembrava quem era a pessoa. Fechei os olhos
forçando a memória.
'Stephen! Segure ela direito.'
Não... Não pode ser o mesmo homem.
Existem vários Stephen espalhados pelo mundo. Com certeza não era o mesmo.
- Lilian. - Vitória me chamou
- Já voltou?
- Esta é a quinta vez que te chamo. -
ela contou arqueando as sobrancelhas
- Desculpe, estava pensando.
- Tudo bem. -deu de ombros - Você pode
chamar o Theo e a Katherine? Eu preciso falar com vocês três.
- Claro... Você os conhece? -
questionei confusa
- Não, apesar de não os conhecer eu
preciso contar para vocês algo muito importante. Tem como você chamá-los?
- Com certeza. Espere aqui.
Andei calmamente até os fundos do chalé
de Deméter, onde estavam os dois plantando flores.
- Que lindo... Nunca imaginei que veria
o Theo plantando flores. - ironizei
- Claro que não... - disse com sarcasmo
- Só faço isso todo o dia do verão.
- A campista nova quer falar conosco.
- Nós três? - perguntou Kath - Por que?
- Não sei. Ela disse que é importante.
- Vamos logo! Estou ficando impaciente!
- Theo falou, levantando, e andando na frente
- Está na direção errada. - comentei,
fazendo com que ele se virasse para o outro lado
- Eu disse que era nessa direção!
- Claro que disse. - ela revirou os
olhos
- Vitória, estes são Theo e Katherine.
- apresentei-os quando chegamos
- Prazer.
- O prazer é meu, senhorita. - ele
respondeu fazendo uma leve mesura
- Muito legal te conhecer. - Kath disse
- Onde podemos conversar sem sermos
ouvidos?
- No punho de Zeus. - respondeu Theo
Encarei-o, questionando-me mentalmente
se ele lembrava o motivo para ninguém ir lá.
- Aconteceu uma batalha lá, mas isso
foi antes de eu vir para o acampamento. Acho que acabaram transmitindo como
costume. Todos esqueceram de lá. - explicou
- Não parece tanto tempo... - sussurrei
- Faz sete anos.
- Ok, isso realmente é muito tempo.
POV: Theo
Nunca mais sugiro um lugar para ir!
Não me chamem de preguiçoso! Mas é a
verdade! Eu não aguentava dar mais um passo sequer! Depois de meia hora de
caminhada chegamos naquele monte de pedras, pedregulhos, seja lá o que são!
Caí de joelhos na frente daquela
montanha.
- Podemos ficar na grama? - perguntei
- Acho que sim. Mas vamos fica mais perto
das pedras. - a novata, que eu já esqueci o nome, falou
-Mais próximos do que já estamos?
- Exatamente! Ande logo. - reclamou, de
modo que fez com que eu revirasse os olhos
Andei os últimos dois metros com um
esforço descomunal.
- ALELUIA!
- Você escolhe o lugar e depois
reclama... Que tipo de homem é você?
- Do tipo: adolescente preguiçoso.
Pela primeira vez consegui prestar
atenção nela. Ela tinha os cabelos castanhos claros (ou seria loiro escuro?)
até abaixo do ombro e olhos azuis. Bem bonita.
- Não está com calor? - perguntei vendo
que ela ainda estava de casaco
- Agora que você falou, está um pouco
sim. - tirou, e colocou na pedra, ficando apenas com a blusa de alças.
- Sobre o que você quer nos falar? -
questionou Lily
- Stephen pediu para que eu lhes
contasse sobre o local de onde vim. Apenas a vocês.
- Por que? Você nem nos conhece! -
exclamei
- Sim, isso é algo extremamente pessoal
para a maioria dos campistas novos, e parece ser muito estranho contar com
pessoas que nem ao menos conheço, porém, nenhuma ordem do Steph é desobedecida.
- Então nos conte.
- Eu vim de um acampamento, também é
para meio sangues, e...
- O Acampamento Júpiter? Por que ele
quer que você nos conte sobre algo que já sabemos! É óbvio que iríamos saber
sobre ele!
- Não estou falando deste acampamento.-
ela me interrompeu
- Como não?
- Existe um acampamento de meio sangues
que é extremamente restrito. Poucos são os que vão para lá.
- E qual é o nome de lá? - arqueei as
sobrancelhas
- Local de Treinamento e Aprendizagem
para Semideuses Escolhidos pelo Destino Injusto.
- Como?
- ACP.
- Ainda não entendi.
- Acampamento protetor.
Lilian arregalou os olhos na mesma
hora.
- Protetor? Não foi para onde... Ai
meus Deuses! - disse tapando a boca com a mão
- Sim. Todos os semideuses de lá são
protetores. Gregos ou romanos.
- Pode nos contar o que é esse
acampamento? - pediu Kath
- É um acampamento, os semideuses que
são levados para lá são protetores, isso quer dizer que eles tem poderes
diferentes dos meios sangues normais, e tem de proteger alguém. Podem proteger
um simples mortal, ou outro semideus.
- Nunca um deus?
- Jamais! Deuses não precisam de
proteção, ao contrário das feiticeiras.
- Pode explicar tudo? Por favor,
inclusive essa história das feiticeiras. - pediu Lilian
- Claro. - suspirou - Antes mesmo da
Era de Ouro já existiam os deuses primordiais, como a noite e o dia, sendo
Selene e Hélio, respectivamente. Esses dois deuses tiveram um caso, apenas uma
vez, mas todos os deuses em sua primeira vez trazem ao mundo seres poderosos.
Então ela engravidou dele, e neste momento foi lançada uma profecia que mudou
tudo.
- Pode recitá-la?
- "Da primeira noite, se iniciarão
as sete estrelas
Sete negras, sete brancas
Poderosas da noite
Em círculos distintos
Mantendo o equilíbrio
Apenas três vezes"
- Apenas isso?
-
Ninguém consegue gravar tudo o que diz. E os que a sabiam jamais a
escreveram.
- Como não?
- Algumas feiticeiras perderam os
protetores sem ao menos conhecê-los. Como foi o caso de sua mãe, Lilian.
- Qual delas?
- Hécate. Feiticeira primordial.
- Eu não entendi os versos. - falei
-
Primeira noite, acabei de explicar que a deusa primordial da noite é a
Selene.
- Por que sete estrelas? - continuei
questionando - Porquê são estrelas negras e brancas?
- Se você me deixar continuar a história
talvez eu explique.
- Desculpe estressadinha!
- Continuando. Selene deu a luz a duas
crianças, duas meninas, mas uma delas nasceu fraca, então não sobreviveu por
muito tempo depois do parto. A irmã mais velha sobreviveu, e a deusa insistiu
que ela recebesse todo o cuidado, pois tinha total certeza de que ela seria
importante para a profecia.
- Onde os protetores entram nisso? E
onde EU entro nisso, que eu ainda não sei o motivo de eu estar aqui.
- Fique quieto seu quadrúpede.
- Ei!
- Então a deusa pediu para o pai da
criança alguém de sua confiança para protegê-la. E o escolhido por ele foi o
próprio filho, quem ele teve com uma mortal, e ele era apenas alguns meses mais
velho, então eles pensaram que seriam bons amigos. E realmente, isso foi o que aconteceu,
se tornaram ótimos amigos, ela era a pequena dele e ele seu protetor, sempre a
ajudando. E este garoto ficou conhecido como o primeiro protetor. As coisas
estavam saindo melhor do que o planejado.
- E isso é bom! Eles viveram felizes
para sempre e fim da história! - interrompi - Fala sério, isso está cansando.
- Fica quieto! Se não quer saber sobre
o que aconteceu com seu amigo, peço que se retire.
-
Como assim....? - pensei um pouco - O QUE ACONTECEU COM O WILLIAN!?
- Se você me deixar terminar talvez eu
possa explicar!
- Então vá rápido! - ela suspirou
cansada
- Ambos os deuses não pensaram nas
consequências caso tudo que esperavam que fosse bom, fosse melhor. Então o amor
dos dois jovens foi recebido como uma boa notícia, porém, estavam muito enganados.
Abri a boca para perguntar, mas Kath me
fuzilou com os olhos, fazendo com que eu fechasse-a.
- Algumas das feiticeiras das trevas já
existiam, e souberam da profecia. E acharam a ocasião perfeita para colocar em
prova o amor dos dois.
- Deixa eu adivinhar, um dos dois tinha
que se sacrificar, mas ambos o fizeram?
- Se você abrir a boca mais uma vez eu
te mato. - Ly falou me encarando com os olhos verdes
- Eu também. - sussurrou Kath
- Posso finalizar?
- Claro. - disse me encolhendo
- O jovem protetor e a futura
feiticeira estavam voltando de um passeio, quando avistaram o fogo tomar conta
do castelo. E Selene estava lá, e por estar doente, não podia usar seus
poderes. Neste momento a mais nova pediu para que ele pegasse seu cavalo e
fosse avisar Hélio, depois aguardasse as duas voltarem. Prometeu que tudo daria
certo, então ele partiu. Quando voltou, as duas já estavam na porta do castelo,
apenas faltava atravessar o caminho que cortava o jardim até a saída.
Ela suspirou e passou a mão nos olhos
como se estivesse limpando uma lágrima.
- Ela se sacrificou pela mãe, preferiu
salvá-la ao dar continuidade a sua vida.
Todos ficamos em silêncio, esperando
pela conclusão.
- Se eles não se amassem, ele teria
cumprido seu dever e mandado ela ir atrás de Hélio, para poder salvar a deusa,
ele teria se sacrificado, e as feiticeiras estariam mais completas do que
agora.
- Por que mais completas do que agora?
- Katherine perguntou
- No momento só existem três
feiticeiras brancas. Se ela não tivesse morrido só faltaria uma.
- Faltam quatro. - Lily disse
- Quais são as que existem? -
questionei
- Hécate, Circe e Calipso. Lua nova,
minguante e crescente, respectivamente.
- Pelo menos as feiticeiras negras
estão em minoria, certo?
- Pelo contrário. As sete feiticeiras negras
já estão reunidas, porém foram controladas pelos deuses há milênios. Apesar
disso, acreditamos que elas estejam acumulando poder, estão percebendo uma leve
agitação.
- Estamos perdidos.
- Não necessariamente.
- Muito bem, agora pode me explicar de
onde surgiu o acampamento 'local de treinamento e tricô de campo para meio
sangues enfurecidos'?
Ela respirou fundo
- 'Local de treinamento e aprendizagem
para semideuses escolhidos pelo destino injusto' é apenas uma brincadeira que o
diretor faz. Você não tem o direito de zoar com isso.
- Ok, AP é muito mais fácil.
Victória, ou seria Vitória, ou Vivian?
Vi, pronto, revirou os olhos.
- Pode fazer uma favor? Pare de falar.
- Ok.
- O primeiro protetor, foi o Stephen,
ele é o diretor do acampamento. Quando os protetores começaram a aparecer em
quantidade, não apenas para as feiticeiras, mas também para os meio sangues um
pouco mais poderosos, decidiu criar um acampamento para aprimorar as habilidades,
como agilidade, estratégia e raciocínio rápido. Desde de então ele nos ajuda. E
nunca, um protetor entrou em um acampamento mio sangue 'comum' antes dos
dezessete.
- Por que dezessete?
- É a idade considerada a maioridade
para nós.
- Aqui dezessete é a média de vida.
- Vocês são sortudos. Colocam a nossa
média no chinelo.
- Como?!
- No acampamento a média é catorze.
- Poxa...
- Por isso é considerada a maioridade.
Quem está acima dessa idade, ou saiu e por sorte sobreviveu, ou nunca saiu, ou
o protegido já morreu.
- Que tragédia.
- Não é. Stephen ensina justamente a lidarmos
com a morte, sem ficar nos lamentando.
- Muito bem, você já explicou tudo o
que o Theo tinha perguntado. - Lily disse - Pode me explicar o que aconteceu
com o Willian?
- O Will? Ele... Espera, deixe eu me
lembrar... Ele morreu ano passado. - prendi a respiração quando ela falou isso,
e as outras meninas ficaram mais pálidas - Espere! É loiro de olhos azuis?
- Não. - Lily disse com um sussurro
- Então não é quem eu estava pensando,
desculpa, é que quando me falam esse nome o primeiro que me vem a cabeça é ele.
- O que eu estou falando é loiro de
olhos castanhos.
- Não conheço, realmente. Nunca vi
nenhum Willian com esta aparência.
- Mais uma vez sem informações. - Kath
suspirou a beira das lágrimas.
- Ele é o seu protetor? - Vi perguntou
se dirigindo para Ly
- Sim.
- Eu posso não conhecê-lo, mas Stephen
o conhece, e mandou eu lhe dizer que ele está vivo.
Ela sorriu agradecida.
- Se ele está vivo já é um alívio e
tanto... Obrigada.
- Não há de que.
- Como você não o conhece? O
acampamento é tão grande assim? - perguntei
- Tem... Cem campistas,
aproximadamente, mas lá é quase tão grande quanto o acampamento romano.
- WHAT!? Como assim!?
- Nós temos um espaço enorme para
treinamento.
- Percebe-se. Mas tem poucas pessoas,
tem certeza que você não o conhece?
- Os únicos "Wilian's" de lá
que eu conheço. Um com o cabelo tão escuro quanto o seu, e ele tem olho claro.
Outro tem o cabelo castanho e é extremamente... Depressivo. E um loiro de olhos
azuis. Não tem como.
- Então ele passou despercebido. Ou
apenas falou o segundo nome dele.
- E qual é?
- James.
- Provavelmente. Existem vários James
lá. - ela se virou - Acho melhor irmos, está quase na hora do almoço.
- COMIDA!! - gritei e saí correndo
POV: Vitória
Já tinha escurecido, o dia passou muito
rápido.
Eu conheci vários de meus irmãos, um ou
outro era suportável, mas não pude conhecer todos, afinal, o verão estava
apenas começando.
Eu realmente tinha ficado um pouco
surpresa quando o Stephen tinha me pedido para contar a história completa do
acampamento para aqueles três adolescentes. E realmente estranhei isso. Ele já
havia mandado uma protetora para cá, há mais de três anos, e ela permanecia
incógnita, tanto que eu nem a conhecia.
Depois do jantar, quando todos foram
para a fogueira eu fui na direção do diretor e de Quíron.
- Senhores, posso me ausentar da
fogueira apenas por hoje? - perguntei acenando com a cabeça
- Não precisa de tanta formalidade,
querida. - Quíron sorriu para mim - E apenas por hoje, certo?
- Sim. Senhor Dionísio, você permite
minha saída?
- Vá e se puder não volte, Viviane.
Arregalei os olhos, que homem chato!
- Vitória.
- Foi isso mesmo que eu disse. E siga
meu conselho, vá e não volte.
Revirei os olhos e fui na direção da
floresta. O senhor D é um chato, por que mesmo ele é o diretor? Ah. Castigo.
Mas o castigo é pra ele ou para os semideuses?
Entrei na floresta, andando para o mais
distante possível, nem pensei na possibilidade de me perder, o que foi um erro,
só lembrei disso depois de meia hora de caminhada.
Quer saber? Tanto faz! Se me perder,
estou perdida!
Continuei andando, pouco me importando
para os barulhos a minha volta, afinal, setenta por cento deles eram monstros,
para que me preocupar?
'Meios sangues são atacados por
monstros, você devia se preocupar'
Isso é o pensamento de todos os que me
chamariam de louca. E isso foi um pequeno fato que eu esqueci de explicar para
a... Lilian? É. Acho que sim, se não for é Liliana.
Ah não! Esse foi o nome que o senhor D
chamou ela, e ele sempre chama errado, então é Lilian mesmo.
Parando de distração. Senão eu perco o
rumo de novo.
Protetores não se preocupam com
monstros, afinal, 'não temos' aura.
'Como não tem aura!? TODOS os
semideuses tem aura!'
Claro que temos, porém a nossa não é
visível. Afinal, precisamos proteger, e nós estaríamos protegendo se tivéssemos
aura/cheiro de semideuses? Não! Por isso nós não temos isso. E temos poderes
especiais.
A grande maioria pode mesclar a aura de
um meio sangue com a sua própria, deixando ela bem fraca, e alguns podem
mesclar a de vários ao mesmo tempo. (estou entre esses alguns) Outros podem
apenas trocar sua aura com o protegido, isso é um pouco mais complicado. Ou
apenas, apagar a aura do protegido.
O mais raro, eu só conheço um protetor
que tem esse poder, é apagar a aura de todos os meios sangues próximos a você.
Isso é realmente complicado.
Cheguei na beira da ilha, e arregalei
os olhos, não parecia que eu andei tanto.
Levantei os olhos para o céu, a lua
cheia brilhava, mostrando todo o seu esplendor.
- Por favor, eu preciso falar com ela.
- pedi, um risco branco cortou o azul e uma nuvem cinza começou a se formar na
minha frente, cobrindo a visão que tinha do mar.
- Viih!! Achei que você não ia ligar! -
uma voz falou no meio da névoa
- Calma que eu ainda não estou te
vendo. Como estão as coisas?
- Está tudo ótimo! Já sinto saudades,
mas está tudo bem comigo.
A imagem começou a se formar, logo vi
os olhos verdes cinzentos sábios daquela garotinha de dez anos.
- Aprendeu algo novo hoje?
- Sim! O Stephen assim que chegou
chamou todos para nos explicar o que acontecia antes de vermos e tocarmos
Harley.
Xinguei mentalmente.
- Eu ainda não vi isso! O que acontece?
Eu sei que isso é tremendamente importante, se não soubermos ficamos
histéricos.
- Exato, mas antes de explicar. Pode me
dizer como foi o seu dia?
- Claro pequena Ann. O dia foi bom,
conheci alguns irmãos, um menino chato pra caramba e vi a Lua Cheia.
- A Lua Cheia!? - ela perguntou de boca
aberta e com os olhos brilhando - Tem certeza que é ela?
- Absoluta.
- E como ela é? Uma ilusão? É gentil
como Stephen conta?
- Ela é simpática.
- Qual é seu nome? Quantos anos ela
tem? Ela é filha de qual deus? Sua aparência, como é? Ela é bonita?
- Corujinha! - repreendi - Você está me
afogando com tantas perguntas!
- Esse é o problema de ser filha da deusa
da sabedoria.
- Com certeza. Mas vamos por partes.
Aqui ela se chama Lilian, ela é um ano mais velha que eu, portanto tem
dezesseis, e é filha de Hécate.
- Mas... Hécate já teve sua feiticeira.
Não foi?
- Sim. Mas a deusa Ártemis, ao que
parece, abençoou o pai da Lua.
- Que ótimo! Agora só faltam as gêmeas
e a Sol, certo?
- Não sabemos se será mesmo um sol.
- É a Sol. Tem de ser! Eu vi uma
profecia falando sobre isso hoje mesmo!
- Tudo bem! Não vou duvidar de uma
criança que é tão sábia quanto eu.
- Sou mais sábia que você, Viih!
- Pode me explicar agora, o que o
Stephen disse?
- Claro! - os olhos dela brilharam de
animação - Ele falou basicamente que sentimos muita dor, uma dor imensa, que
começa desde que acordamos, e apenas uma pessoa consegue tirar essa dor de
nossos corpos.
- Cometa, estou certa?
- Certíssima minha cara filha de
Afrodite.
- Tem certeza que você tem onze anos,
Annie?
- Claro que não! - falou colocando o
cabelo castanho atrás da orelha - Tenho dez!
- Verdade, estou confusa.
- Então... Fez algo de bom hoje? - ela
se mexeu e percebi uma sombra no fundo do quarto, revirei os olhos, era apenas
uma cama.
Espera... Uma cama?
- Annie. Em que quarto você está?
- No meu quarto. - ela disse ficando
pálida
- Annie Victória! Estou falando sério!
Esse não é o nosso quarto! As camas são do lado uma da outra! Não em 'L'!
- Você quis dizer perpendiculares? -
questionou inocentemente
- Tanto faz! Onde. Você. Está?
Ela tentou se ajeitar para tapar minha
visão, porém consegui ver os cabelos castanhos e o rosto pálido.
- Eu disse para você não se aproximar
dele! Quando eu estava aí já era um perigo! Imagina agora! O que você está
fazendo no mesmo quarto que ele!? - perguntei irritada
- Ele não fez nada demais! E eu não
queria ficar sozinha no outro quarto... - ela tentou arranjar uma desculpa
- Você sabe muito bem que a Annabella
tinha uma cama extra no quarto.
- Eu sei. - ela abaixou a cabeça - Qual
é o problema de ficar aqui?
- Ele pode ser perigoso!
- 'Pode ser', falou da maneira correta.
Quem mostrou que ele É perigoso? Que eu saiba, ninguém.
- Você é muito espertinha pra idade que
tem.
- Filha da deusa da sabedoria.
- Até mesmo para uma filha dela. Mas eu
te aconselho, fique longe desse menino.
- Ele não vai me fazer mal.
- Como pode ter tanta certeza?
- Eu sei. E se acontecer algo, eu que
arcarei com as consequências.
- Tudo bem. Tome cuidado.
- Não veja nem toque Harley.
- Claro que não. Boa noite.
- Até a próxima lua! - disse acenando
Sorri, e retribuí o gesto, em questão
de segundos a névoa sumiu.
- Sua irmã?
Virei rapidamente, pegando o spray de
pimenta que estava em meu bolso.
- QUEM... VOCÊ ME DEU UM SUSTO! POR QUE
FEZ ISSO!?
- Desculpa! - falou o garoto
bonitinho... é... Vitor? Jackson? Trevor? Theo! Isso mesmo! - Eu vi você vindo
pra floresta e decidi te seguir. Tem muitos monstro por aqui. Só no caminho vi
dez, e fui atacado por dois.
- Chegou faz quanto tempo? - perguntei
guardando o spray
- Alguns segundos, só peguei o final da
conversa.
- Que parte?
- Quando você tava dizendo 'tchau',
oras.
- Tudo bem. Vamos voltar para o
acampamento.
- É bom, não é?
- Vamos logo!
Comecei a andar e ele me seguiu.
- Por que você carrega um spray de
pimenta no bolso?
- É uma boa arma.
- Faca? Lança? Espada? Você tem cara de
quem gosta de espada.
- Arco e flecha. Foi um presente. -
falei me lembrando do dia em que Apolo me levou para o acampamento protetor,
quando eu tinha treze.
- Pelo menos o seu realmente vira uma
arma. - o garoto resmungou
- Por que?
- O meu é um spray de pimenta de
verdade. Não é muito útil, eu tenho que contar na sorte. Ou pelo menos rezar
para que o um segundo de azar seja algo fatal.
- Você ainda não achou sua arma?
- Não. Todo o ano eu vou, mas não acho
nada. E não me dou bem com a maioria das armas, então é um pouco mais
complicado...
- Amanhã nós dois vamos procurar, que
tal?
- Está bem.
O silêncio que se seguiu não durou
muito.
- Vi... Tória? - ele perguntou em
dúvida, assenti - Eu fiquei com dúvida numa expressão que a garotinha falou.
- Qual? - questionei tentando me
lembrar, nenhuma era estranha para mim
- Alguma coisa sobre 'tocar e ver
Harley' - fez aspas com os dedos
- Ah... Essa. Harley é a deusa
principal dos protetores. Ela é a garota da história.
- Que se sacrificou pela mãe? - assenti
- Ela é deusa do que? Nunca ouvi falar de uma deusa chamada Harley
- Conhece o cometa Harley?
- Claro! Não sou um quadrúpede
troglodita.
- Ela é a deusa dos cometas. É muito
especial para nós.
- Mas de onde vem essa expressão?
- Dizem, no acampamento, que quando
você está a beira da morte você vê Harley, e quando ela te toca, você morre.
Ele arregalou os olhos.
- Trágico.
- É, mas é a realidade. Se bem que é
uma maneira bem mais leve de dizer que alguém faleceu.
- Mas apenas para protetores, certo?
- Apenas para nós ela aparece nesse
momento.
- Então está bem... - ele me olhou por
um momento - Sem querer ofender, mas por quê você está aqui? Não deveria estar
cuidando do seu protegido?
- Não... Ele faleceu quando eu tinha
dois anos de idade. Stephen me contou, é uma sorte que eu esteja viva.
- Por que?
- Normalmente matam os protetores para,
então, matar o semideus.
- Entendi... Espero que com o Willian
não aconteça isso. - ele suspirou
- Vocês eram muito ligados?
Ele balançou a cabeça confirmando.
- Ele me ajudava em muitas coisas, é o
meu melhor amigo. Todas as decisões que eu tenho que tomar eu penso nele, no
que ele faria.
- Por que?
- Ele sempre fazia o certo. E escolhia
algo que não magoava ninguém.
Observei sua expressão, era
tremendamente chateada.
Putz.. essa passagem de tempo e toda essa mitologia das luas, feiticeiras, protetores e afins me deixou confuso de novo!!
ResponderExcluirVou reler depois de novo pra ver se compreendo melhor (antes vou reler o cap anterior!!! rsrs)!!
Mas achei que foi um dos caps mais bem escritos até agora! Parabéns!