POV: Autora (não me matem por fazer o
tempo passar)
Theo e Vitória continuaram a tendo
conversar e se encontrando, ele estava tentando descobrir de tudo para tentar
localizar o amigo, apesar de sentir um alívio imenso por saber que ele estava
vivo. E por causa dessa insistência foi apelidado pela mais nova de ‘Detetive
Mirim’, apesar de preferir ‘Sherlock Holmes’.
Ele e Kath... Este ponto foi estranho.
Em um dia, pulando de alegria como nunca antes, felizes, sorrindo, abraçados. E
no dia seguinte, pareciam dois estranhos, não trocavam uma palavra. Quando se
cruzavam ela lhe lançava um olhar de total desprezo.
Mas isso aconteceu recentemente.
Agora perguntam. Como recentemente?
Quanto tempo passou?
Fez um ano que Vitória veio para o
acampamento, o tempo passou mais rápido.
Lilian estava mais calma, afinal,
recebeu uma carta de seu pai, avisando que em alguns meses chegaria para ficar
para sempre, e ele lhe deu permissão para frequentar a escola, caso quisesse.
Porém, depois de tanto tempo no conforto do acampamento, não sabia se estaria
pronta para encarar o mundo real. Pediu por conselhos, e os obteve da voz calma
que vinha em seus sonhos pela noite. E lhe foi recomendado, esperar mais alguns
meses. Esperar até que alguém de confiança que a proteja, volte.
E isso era apenas uma parte do que
aconteceu neste ano de 2017.
(PARANDO MEU PRÓPRIO POV! Ajuda
temporal. Lily e Will se conheceram em 2013, ou foi 2014? 2013! Na conta que eu
fiz, sei lá se é a correta ou não! Na minha concepção a guerra contra Gaia ocorreu
em 2011. Portanto, se passaram 4 anos, então estamos em 2017!) (ps: eles
nasceram em 2000, só para ajudar)
As estações haviam passado, e novamente
estava no verão. E neste momento, todos os deuses estavam agindo de maneira
estranha, no momento em que iam visitar os filhos, ocorriam brigas entre os
três grandes sem motivos aparentes. E isso estava ocorrendo com mais
frequência. Até as três irmãs, Hera, Deméter e Héstia, estavam tendo
discussões.
POV: Helena
Eu estava indo em direção à arena em
que a Lily treina, ela está ando o melhor de si, e diz que a ajuda a se
distrair, apesar dela se cansar um pouco.
Quando cheguei, me sentei sem fazer
barulho, não queria que ela me visse, ainda, e ela também não deveria estar
muito bem, porque em dois dias completariam quatro anos que ela e o Willian
foram separados, em outras palavras, hoje seria seu aniversário de dezessete
anos.
Ela sussurrou algumas palavras em
grego, que não consegui ouvir, e lançou a faca em direção ao alvo que foi
incinerado. Dei um assobio de admiração, ela se virou com um sorriso enorme no
rosto e fez uma reverência agradecendo.
- Obrigada, senhoras e senhores! - ela
disse acenando para a arquibancada vazia e mandando beijos - Agradeço tudo o
que fizeram por mim!
Ela estava radiante, seus olhos estavam
com um brilho que não via há séculos. Ela possuía uma aura ao seu redor, me
fazendo sorrir também, isso me deixava extremamente feliz, ela nunca tinha
sorrido tanto nos últimos anos.
- Eu sabia que você estava aí. E soube
que você não queria me incomodar, obrigada. - ela disse
- Como sabe de tudo isso?
- Estou treinando os poderes com a
mente, mas descobri ser péssima nisso. Então eu apenas estou treinando
presença, eu senti sua presença. Sua aura.
- Aura. Sempre esta coisa me denuncia!
- É.
- Por que está tão sorridente? É o
solstício?
- Não. Hoje é o aniversário de
dezessete do Will, minha mãe falou que voltaríamos a nos ver com dezessete. Algo
desse tipo. Estou feliz! E eu também sinto que algo muito importante vai
acontecer hoje.
Franzi as sobrancelhas, lembrando algo
que gostaria de ter perguntado para ela ontem, mas acabei por esquecer.
- Por que você não mudou de aparência
ontem? Na verdade, isso tem sido algo que não acontece com tanta frequência
quanto antes. Só me lembrei de perguntar agora.
- É... Eu encontrei um feitiço que fez
a cor do cabelo permanecer a mesma, mas os olhos sempre mudam.
- Seus olhos são naturalmente claros,
então a diferença não é gritante.
- Exatamente.
Ouvi passos e Theo apareceu na arena
também, com um sorriso divertido nos lábios.
- O Quíron está chamando vocês. E eu
vou de penetra.
- Onde?
- Casa Grande.
Levantei e o segui, Lily encostou a mão
no meu braço e eu lhe lancei um olhar carinhoso, pegando sua mão em seguida.
Quando estávamos chegando a construção azul vi Quíron parado na varanda em sua
cadeira de rodas, ele acenou, dizendo para nos apressarmos.
- Boa tarde, Quíron. – cumprimentei-o
- Boa tarde meus jovens. Eu preciso
conversar com vocês. Vamos entrar? Ou preferem ficar por aqui?
- Podemos continuar na varanda? – Ly
perguntou
- Claro, querida. Sentem-se.
Sentamos ao redor da mesa, esperando a
primeira palavra. Theo parecia realmente nervoso, afinal, nunca havia sido
chamado, eu entendia este tipo de nervosismo. Ele estava com as mãos
entrelaçadas acima da mesa, encarando-as como se fossem a coisa mais
interessante do mundo.
- Acho que vocês perceberam que os
deuses estão tendo conflitos constantes em suas visitas, não? - assentimos -
Sobre isso que quero falar com vocês, pareceram os melhores para explicar isso.
Antes de qualquer coisa. Lilian, sua mãe tem agido diferente? Percebeu alguma
mudança?
- Ela aparentava estar nervosa, senhor.
Ambas para falar a verdade.
- Muito bem. Estamos com alguns
problemas grandes. E não podemos deixar isso apenas com os semideuses que todos
conhecem o nome, senão estaremos perdidos.
- Não pode ser o Percy? - Theo
questionou
- Ou a Annabeth? - Lily continuou
- Não. Vocês três foram chamados, cada
um por suas mães. Falando nisso querida, sua mãe deseja lhe encontrar depois
que a nossa conversa terminar, sim?
- Claro senhor.
- Então, deixe-me explicar. Acho que
quando Stephen pediu para a menina Vitória contar sobre o acampamento ela
contou sobre as feiticeiras, certo?
- Feiticeiras? - franzi as sobrancelhas
- Depois eu te explico – Lily sussurrou
Quíron voltou a falar
- A feiticeira negra mais perigosa
fugiu da prisão a qual estava submetida. Isso ocorreu faz alguns anos, porém
ninguém conseguiu capturá-la. Ela está adquirindo poder com rapidez, e poderá
acabar com o mundo em questão de semanas. Ela está ficando muito forte. - ele
deu uma pausa - E ela captura seres poderosos para extrair-lhes o poder. E os
deuses começaram a brigar constantemente quando Réia desapareceu. Hécate supõe
que ela foi capturada.
- Isso está um tanto óbvio.
- Para os deuses não. Eles se
esqueceram das feiticeiras, acham que elas são insignificantes.
- Héstia também?
- Não. Ela tem uma relação harmoniosa
com Calipso desde que a mesma foi libertada. Então ela jamais se esquece,
afinal, é a mais próxima da magia.
- E o que teremos de fazer?
- Irei levá-los para receber sua
profecia.
Arregalei os olhos, e obsevei a reação
da Lily, ela parecia querer gritar, mas ao mesmo tempo ficou pálida. Acho que é
pelo tempo que ela passou aqui, será a primeira vez que ela irá sair em... Oito
anos? Acho que é isso.
Theo estava mais branco do que o
normal, e parecia que iria desmaiar.
- Eu já fiz minha contribuição para...
Edina? Para a deusa dos monstros sendo babá dos filhotes de hidra.
Lembrei um dia em que Kath disse que
foi estranho, porque viu ele na escola, de repente sumiu. E voltou com os
cabelos chamuscados.
- Quando foi isso?
- Na última semana de aula.
- Vamos para a caverna, quanto mais
rápido saírem, melhor será.
- Como?!
Theo se levantou rapidamente e saiu
correndo.
- O ÚLTIMO A CHEGAR É MULHER DO PADRE!
- Depois falo que ele é bipolar e
ninguém acredita... - Lily revirou os olhos.
Quíron saiu da cadeira de rodas,
colocando nós duas em suas costas em seguida, partindo a galope.
- Isso... Não... Foi... Justo! – Theo
falou ofegante chegando próximos a nós, alguns minutos depois de chegarmos à caverna.
O lugar era realmente incrível.
Naturalmente da rocha, a caverna tinha um ar rústico, principalmente pelas
heras que caiam moldando a entrada. Dentro era iluminado por algumas tochas. Um
cavalete ficava no canto e tinham várias pinturas espalhadas pelo lugar
inteiro.
Algumas mostravam cenas da Guerra
contra Cronos, Gaia. Um quadro no canto me chamou a atenção, me aproximei para
ver os detalhes.
- Quíron! Como é bom vê-lo aqui! -
Rachel disse, fazendo-me pular de susto, virei apressada, ela me olhou de modo
estranho e fez um sinal para que eu esperasse.
- Rachel, eu suponho que estes jovens
tenham entrar em uma missão. Você recebeu alguma profecia do espírito de
Delfos?
Observei a Rachel, ela não tinha mais a
aparência de uma adolescente, já era uma
mulher, apesar de ter o espírito sempre jovem. Seus traços estavam mais
maduros, os cabelos presos em coque e os olhos mostravam a sabedoria que tinha
adquirido com o tempo convivendo com o espírito de Delfos.
- Profecia? - ela olhou para mim, Theo,
quando seus olhos pousaram em Lily eles perderam o foco e uma fumaça verde a
circundou.
- A negra se reergueu, a branca surgiu,
A magia se alastra, devastando,
A rainha sumiu,
E seu poder está acabando.
Para o norte irá,
O grupo que a feiticeira enfrentará.
Theo pegou um papel no bolso e começou
anotar cada palavra que ouvia.
- O poder deverá ser contido,
Para isto temos a morte que protege
A morte e seu amor
O sol de vinho e seu ódio.
Meus olhos ficaram arregalados ao ver
que não havia acabado.
- Para a mãe de todos salvar,
A filha da natureza morta,
A sábia latina, a morte egípcia.
E bela invasora
‘Três missões juntas’, pensei.
- A fim de a Ira destruir
O Trevo e a Rosa selvagem vão juntos.
A ladra amiga, que sairá.
A Lua cheia que nascerá.
Senti que faltava algo, ela não havia
dito para onde seguiríamos.
- Para a fronteira sem poder seguirão
As chaves gêmeas aparecerão,
O vento oeste sorrirá, a corujinha voará.
E o Sol voltará.
E até a lua cheia tudo acontecerá.
A fumaça sumiu, Rachel caiu no chão,
pálida. Theo foi correndo para ela, a pegou e colocou-a em sua cama.
- Essa profecia deve ter gastado suas
energias. - Lilian falou
- Não é apenas uma. São três missões,
uma explica a missão, três dizem quem vai, e a última disse para onde iremos. -
Theo disse em voz baixa
- Iremos analisar as profecias. Porém a
deixaremos descansar. - Quíron suspirou
Fomos para fora, deixando nossa oráculo
dentro de sua casa, e voltamos para a casa azul, onde erámos recepcionados ao
chegar.
- Muito bem. Você escreveu tudo, jovem?
- nosso treinador perguntou para Theo
- Sim. Vamos por estrofes? Fica mais
fácil de marcar. - sugeriu
Concordamos, e Theo logo começou.
- ‘A negra se reergueu, a branca
surgiu’, o senhor disse que uma feiticeira negra se reergueu, e disseram que a
feiticeira da Lua Cheia surgiu então esta parte já está feita. ‘A magia se
alastra, devastando’, a malvadona está no poder, e adquirindo mais, então essa
parte é mais do que óbvia. ‘A rainha sumiu’, Réia sumiu, e ela é naturalmente a
rainha. ‘E seu poder está acabando’, foi dito alguma hora que as feiticeiras
negras sugam o poder de seres poderosos. ‘Para o norte irá’, temos que ir para
o norte. ‘O grupo que a feiticeira enfrentará’, uma missão. Pronto.
- Você não quer fazer a análise
sozinho, Theo? Não pudemos fazer um comentário.
- Desculpa. Quanto mais rápido
acabássemos essa, menos quebra cabeça para mim. E essa era a única que eu
sabia. Agora vamos devagar.
- ‘O poder deverá ser contido’ - Lily
recitou - Esta fala sobre a missão de acabar com o poder da feiticeira. A
maioria das feiticeiras guardam seus poderes em um objeto. Por isso são duas
missões, acabar com o poder e a feiticeira. ‘Para isto temos a morte que
protege’.
- Morte que protege... É... Eu
realmente não sei quem é. - suspirei
- Eu sei. - o menino ao meu lado disse
- Tem uma filha de Hades que é protetora, só que ela não contou para ninguém.
Eu soube quando estava com a Vitória, ela me explicou que os protetores são
reconhecidos com uma marca, que se assemelha a uma tatuagem, e tem uma filha de
Hades que é menor de idade e tem uma dessas desde os onze, ela foi primeiramente
para o acampamento protetor e depois para cá. Apenas para aprender algumas
coisas.
- A Keillan. Já achamos uma, vá
anotando os nomes ao lado dos versos. - Ele assentiu - ‘A morte e seu amor’,
mais um filho de Hades.
- Filha. Ele, o espírito, disse ‘A morte’.
- Quem pode ser?
- Se tivesse dito: ‘Seu amado’, seria
complicado. Porém ‘Amor’, neste caso, pode ser tanto literalmente quanto Filho
de Afrodite. - disse
- A Roberta e o Léon. - Lily assentiu e
continuou a ler - ‘O sol de vinho e seu ódio’, este verso é o mais fácil. Sol
de vinho, qual filho de Apolo se dá bem com Dionísio? O número de meio-sangues
que conseguem tal façanha é mínimo.
- A Taylor é a única semideusa que não
é filha dele e ele acerta o nome. - completei seu pensamento
- Realmente. E seu ódio? Existe alguém
que ela odeie mais do que o Matthew? É a única coisa que eles concordam. Eles
ainda serão amigos. Disso tenho certeza.
- Realmente. Então... Para a primeira
missão temos quem?
- A tatuada, o Léon, Roberta, Taylor e
Matthew.
- Eu leio. - falei - ‘Para a mãe de
todos salvar’, Réia, porque ela foi capturada. ‘A filha da natureza morta’,
quem é essa? - perguntei
- Não existe deus da natureza morta.
Mas existe um deus da natureza que está morto. Lembram de Pã? - Quíron se
pronunciou pela primeira vez - Tem a única filha dele, ela prefere ficar em seu
chalé, cuidando das plantas ao redor.
- A Noa. Lembro dela, eu gostei desse
nome, é diferente. - comentei, logo continuando - ‘A sábia latina, a morte
egípcia’. A Beatriz é filha de Atena e é do Brasil, isso quer dizer que é
latina. Agora, morte egipícia?
- Cleópatra, rainha do Egito. - Lily
disse - A Cléo, é o nome mais próximo. Suponho que seja ela.
- ‘E a bela invasora’. - mal terminei
de falar e Theo gritou
- A Vitória! Ela é protetora e é a mais
parecida com invasora, pois ela não podia estar aqui.
- Muito bem. Os desta missão são?
- Noa, Beatriz, Cléo, Vitória. É a
minha vez de ler! - O menino disse - ‘A fim de a Ira destruir’, Ira... Pecado
capital? As feiticeiras negras representam os pecados capitais, não é? - Lily
confirmou com um aceno - Pronto! Vamos destruir ela. ‘O Trevo e a Rosa
selvagem’... - sua voz quebrou na última parte, e seus olhos pareceram ficar
marejados, porém acho que foi impressão.
- Sabemos que você é o trevo. Quem é a
Rosa?
- A Kath, eu dei o apelido ‘Flor’, o
Will disse que ela não podia ser uma flor qualquer. Então mudamos para ‘Rosa',
e acrescentamos o ‘Selvagem’ por ela ser uma guerreira. - sua voz estava
extremamente baixa - ‘A ladra amiga, que sairá’, ladra amiga? Acho que não
sei... E você, Helena? - ele questionou com a voz repleta de sarcasmo, eu ri -
‘A Lua cheia que nascerá’, Lily, você é a única no acampamento que representa a
lua cheia, então nem adianta negar.
- Então, para essa missão. Somos eu,
você, a Ly e a Kath.
- Exato minha pequena ladra.
- E a última? - Lily questionou e se
aproximou para ler por cima de seu ombro -
‘Para a fronteira sem poder seguirão’.
- Muito bem vamos para uma fronteira no
norte. Mas não entendi o sem poder. - Theo comentou erguendo uma sobrancelha
- O Alasca é o local onde os poderes
dos deuses não alcançam, então é em sua fronteira.
- Com o Canadá. É a única possível.
- ‘As chaves gêmeas aparecerão’, chave
é um símbolo de Hécate. Então, nós encontraremos dois meio sangues. ‘O vento
oeste sorrirá, a corujinha voará’, um filho de Zéfiro e uma filha de Atena,.
- Mas ela tem de ser a mais nova do
grupo.
- Por que?
- Corujinha. Tem o ‘inha’, não tem como
ela ser da nossa idade.
- Touché. - minha amiga respondeu - ‘E
o Sol voltará’ - seus olhos brilharam - Will... - sussurrou encantada - ‘E até
a lua cheia tudo acontecerá’, temos duas semanas e meia, ou três até a próxima
lua cheia. E para fazer tudo isso dar certo... Temos de partir amanhã.
- Como?! Mas... E como vamos avisar?
- Todos já estão no acampamento. Não há
tempo para enrolações. - disse decidida.
Assentimos cada um iria procurar um
campista que estava incluído na missão para contar. E fomos à busca, até o
jantar todos os integrantes sabiam.
- Preciso conversar com você. - disse
uma pessoa as minhas costas, nem precisei me virar, já sabia quem era. - Pode
ir a minha casa depois do jantar?
- Claro.
Pelo canto do olho vi a mulher ruiva ir
em direção a mesa principal do acampamento.
POV: Lilian
Eu iria sair numa missão, vou ver o
Willian, e não terei mais imprevistos! Tem algo melhor?
Depois do jantar, fui para a minha
clareira. Ela estava cheia de lembranças, lágrimas e sorrisos... Fechei os
olhos e me lembrei da sensação dos dedos do Will passando no meu cabelo,
esperando que eu dormisse.
- Isso não vai se repetir. - abri os
olhos, porém nem me virei para ver quem era, eu já sabia.
- Você insiste em falar coisas que irão
me magoar, por quê?
- Quero protegê-la.
- Deixando-me triste? Poupe-me! -
levantei e encarei seus olhos violetas - Por que eu não posso ficar com ele?
Você mesma disse que depois dos dezessete anos poderíamos ficar juntos!
- Nunca disse isso. - contra disse - Eu
falei que vocês voltariam a se ver. Não que poderiam ficar juntos.
- Por quê? Diga-me o motivo!
- Você não pode continuar presa a esse
rapaz. - ela me encarou de maneira que fazia qualquer um se encolher, mas, já
estava acostumada com esse tipo de olhar para mim, afinal, eu era a ovelha
negra no meio das brancas.
(autora: não seria o contrário?) (Lily:
como?) (autora: você é a branca no meio de negras, você é Ártemis, lua cheia,
Hécate é a lua nova, escuridão.) (Ly: fique quieta)
- Não estou presa a ele. Apenas o amo.
- Pois não deve. Você vai viver num
mundo onde você não pode amá-lo.
- O quer dizer com isso?
- Uma feiticeira não pode ficar com seu
protetor. Isso é completamente inaceitável. Temos deveres e mais deveres. Você
não pode ficar com este... Ser. - ela deu uma leve pausa - As feiticeiras podem
amar desde que não sejam protetores.
- Qual é o problema de ser um protetor?
- Criar falsas esperanças.
- Para...? Que ele sobreviva? Não ficar
de consciência pesada por saber que se ele morrer será por sua causa?
- Você ficaria dependente, imaginando
que ele teria de estar com você toda hora. Apenas por você ser sua protegida.
- Eu não tenho obsessão por ele.
- Você tem de aprender todas as regras
de feiticeiras. Você perderia o direito aos poderes máximos se ficasse com este
garoto.
- Por quê?
- É a benção lançada sobre as
feiticeiras.
- Maldição, isso que você quis dizer.
- É uma benção. Não nos aproximar de
ninguém, se tivermos esperanças. Vai aprender com o tempo.
- Eu jamais disse que queria ser
feiticeira.
Ela arregalou os olhos e sua boca se
escancarou.
- Como? - estreitou os olhos
- Isso mesmo, você me ouviu. Não quero
ser uma feiticeira.
Seus olhos, no momento, pareciam
chamas. A parte mais bonita do fogo, e a mais poderosa.
- Saiba que você não tem escolha.
‘A
Filha Proibida será reclamada,
A partir de um sonho sua vida irá mudar.
Sol e Vento irão proteger e ajudar
E, enfim, magia negra ela irá conter’
- Era para eu entender isso? - arqueei
uma sobrancelha.
Eu havia entendido tudo, todavia, não
desistiria tão fácil. E queria que ela mesma me explicasse.
- Essa foi a profecia que Ártemis
recebeu no dia de seu nascimento. Você foi reclamada, um sonho que você teve
mudou sua vida.
'O sonho onde vi o Will. A primeira
vez, no beco' pensei com um sorriso mínimo nos lábios.
- Um filho de Apolo e um filho de um
dos ventos te ajudarão nessa missão. E você deterá a magia negra. Só poderá
detê-la caso desista deste jovem.
- Talvez não. -suspirei - A profecia
não disse nada sobre se tornar feiticeira.
A deusa estreitou os olhos.
- Vai arcar com as consequências. Você
nunca aprende, não é mesmo?
Permaneci calada, esperando ela ir
embora.
- Ainda assim, vou ajudá-la em alguns
casos. Não conte mais comigo. - quando terminou desapareceu.
POV: Theo
Muito bem... Camiseta, jeans, escova de
dente, cachecol, ambrosia, néctar, álbum de fotografias...
Falta alguma coisa?
'A mochila, querido... '
'Obrigada, mamãe', agradeci por
pensamento, guardei tudo na mala e coloquei a mesma nas costas.
Eu vou sair em uma missão. E eu,
sinceramente, não gosto de missões. Por mim, eu ficaria o tempo todo no
acampamento.
- Venha logo, Theo. - Viih disse se
apoiando na janela do chalé.
- Bom dia para você também.
- Bom dia, senhor chato. - revirou os
olhos
- Acho que peguei tudo. Vamos logo?
- Claro! Só estava te esperando.
Saí do chalé com a mochila em minhas
costas, e fomos em direção a colina lado a lado.
- Posso roubá-lo por cinco minutos? -
uma mulher perguntou a minha frente
- Claro... - Viih franziu as
sobrancelhas
Fui à direção da mulher de olhos verdes
e cabelos negros, como os meus, e sorri.
- Oi mãe! - abracei-a
- Oi querido... Percebi que o meu bebê
vai sair para uma missão? Que fofo!
- Mãe!
- Desculpa, não pude evitar. - ela
beijou minha testa, ficando na ponta dos pés para fazer isso.
Eu acho incrível, os deuses podem
escolher como são, porém minha mãe prefere ficar baixa. Se bem que eu achava
incrível, pequena e parecendo uma fada.
Ela sempre estava com os cabelos negros
presos em uma trança, com trevos, e alguns cachos rebeldes escapavam dela, sua
pele branca e grandes olhos verdes.
- Eu queria te dar algo antes de
viajar. Você não tem arma. E a que eu estava preparando para você, acabou de
ficar pronta.
Ela me entregou um pequeno embrulho,
quando abri vi um... Chaveiro?
Com o pingente de trevo, típico. Sorri
vendo. E percebi um fecho, abri ele, tinha espaço para fotos dentro do trevo. E
já estavam preenchidos os dois espaços. Minha garganta se apertou quando vi uma
das fotos. E o fechei novamente.
- Se transforma no que você achar mais
útil no momento. - mamãe me explicou. - Eu achei que uma adaga seria própria
para você... Mas, não sei qual você prefere.
- Nem eu sei o que eu prefiro.
- Talvez uma arma de fogo.
Arregalei os olhos.
- Sério!?
- Desde que seja daquelas mais simples.
Por que eu não quero que você se machuque.
- Tudo bem. E é sempre de bronze
celestial?
- Sim, e caso seja algo que necessite
munição, essa vai ser infinita.
- Obrigada! - a abracei mais uma vez.
- Ainda tenho mais um presente. -
arqueei as sobrancelhas - Esta sim, é uma arma perigosa. Só deve usar em casos
realmente extremos.
- Tudo bem. O que ela faz?
- Você vai ver, quando for necessário.
Abri o pacote, uma... Filmadora?
Arregalei os olhos e meu queixo caiu.
- Você pode filmar com ela também.
Senão, seria um presente quase que inválido.
- Ela faz algo além de filmar?
- Tudo depende do que você quer.
- O que?
- Não posso ficar mais. Vamos você tem
de ir. - ela disse - Tchau.
Virei e sai correndo cheguei à colina o
mais rápido qe pude.
- Demorou um pouco. - Tóri comentou
- Minha mãe queria falar comigo. O que
estão esperando?
- A Lily está consultando alguma coisa,
para não sermos atacados por monstros. É um tipo de feitiço para ocultar nossa
aura. Pelo menos temporariamente.
- Achei que ela não pudesse fazer isso.
- Ela é a futura feiticeira, tem que
conseguir fazer os feitiços mais complicados. Ou ela não recebeu treinamento?
- Recebeu...
- Se enfileirem. - Lily ordenou, seu
tom foi tão severo que ninguém hesitou - Este feitiço é complicado. Vitória,
você pode mesclar nossas auras? Isso ajudará um pouco.
A menina do meu lado franziu as
sobrancelhas, como se estivesse se concentrando e fechou os olhos. Ficou pálida
e oscilou levemente, porém já coloquei o braço ao redor de sua cintura, prevenindo
caso ela caísse.
- Não preciso da sua ajuda. - disse
ríspida.
A filha de Hécate olhou para cada um de
nós sussurrando palavras, as quais não identifiquei. Ao final, parecia mais
pálida que o normal, mas sua postura séria, de líder não vacilou.
- Vamos.
- Desculpe a demora! - uma voz
inesquecível disse - Espero não ter atrasado muito.
Virei a cabeça para olhá-la e meu olhar
foi retribuído por um de desprezo, algo que realmente me magoou, mas não deixei
transparecer.
- Kath, desculpe, porém não penso que
conseguirei fazer o feitiço novamente. - Ly se desculpou. - Vamos para a van.
Sentamos em trios, como fui um dos
últimos a entrar, não havia muitas opções. Tóri foi sentar com as amigas,
sentei no banco de dois lugares, próximo da porta. Quando Kath entrou, passou
os olhos procurando lugares vagos, e constatou que o único era do meu lado,
veio em minha direção e permaneci de cabeça baixa enquanto ela se sentava.
Mordi meus lábio, olhando de canto para
ela, seus olhos estavam fixos na frente. Eu realmente não sabia como começar
uma conversa.
Olhei para os bancos de trás, Vitória
sentava junto de Beatriz e Taylor - acho que esses são os nomes delas - Matthew
estava sentado perto de Cléo e Keillan. Roberta e Leon estavam juntos, de mãos
dadas. E Noa estava ao lado deles, lendo alguma coisa em seu colo.
Lily estava no banco duplo do outro
lado, ela e Helena conversavam não se podia entender uma palavra.
Olhei para Kath novamente, ela estava
de cabeça baixa e parecia triste.
- Flor? - chamei, ela não fez sinal de
que ouviu - Rosa? - tentei novamente - Katherine?
- O que foi? - perguntou ríspida.
- Quero conversar. Podemos?
Ela suspirou.
- Tenho escolha?
- Tem. Se você não quiser, posso ficar
quieto e não falar nada.
- Você e eu sabemos que você não
conseguiria fazer isso, Theo. Você é jamais fica quieto quando quer falar.
- Se eu fosse não teria ficado sem
falar com você esse tempo todo. - sussurrei olhando para meus pés.
Senti o olhar dela sobre mim, me
analisando. Sabia que seria assim.
- Pode falar. - ela disse com a voz
suave - Só não minta.
Suspirei. Minha garganta se apertou. Eu
não conseguiria contar a história, ela não acreditaria em mim.
- Eu quero que nós voltemos a conversar
e ser amigos. Como antes. Não quero te ignorar, quero fazer igual nos 'tempos
felizes'. - falei fazendo aspas com os dedos.
- Como quando o Will estava com a
gente? - seu tom era questionador.
- Sim. - dei uma pausa - Lembra como a
gente se abraçava o tempo todo, eu te pegava no colo, te girava...
Percebi um sorriso mínimo em seus
lábios, e isso me fez ficar um pouco feliz.
- Então... O que quer dizer com tudo
isso?
- Não estou pedindo seu perdão porque
eu ainda não expliquei o motivo pelo qual fiz aquilo. Apenas quero ser seu
amigo, melhor amigo.
- Saiba que você nunca foi meu melhor
amigo. - meu sorriso murchou. - Mas sempre vai ser meu amigo.
Abri os braços e ergui uma sobrancelha,
fazendo com que ela sorrisse e me abraçasse.
- Não quero admitir. - ela sussurrou,
enquanto eu passava as mãos em suas costas - Mas você tem um abraço muito bom.
Ela apoiou a cabeça em meu ombro, e
suspirou, o ar bateu em meu pescoço, fazendo-me arrepiar.
- Por que chegou atrasada?
- Não estava me sentindo bem. - fechou
os olhos - Não consegui dormir.
- Então durma. Vai demorar um pouco
para chegarmos no aeroporto.
- Claro. - ela se aconchegou contra mim
e apertei meus braços ao seu redor.
Depois de um tempo, sua respiração ficou
mais lenta, e calma. Sorri, enquanto observava seu rosto sereno.
POV: Noa
Eu realmente não sabia por que tinham
me chamado para esta missão.
Uma garota sem amigos. Eu nem conhecia
a Lilian direito, apenas sabia que ela era poderosa. E isso, só por estar
próxima. Nunca havia trocado uma palavra com qualquer um das pessoas que
estavam na van conosco. Apesar de que alguns me conheciam, por eu ter sido a
primeira filha de Pã a chegar no acampamento.
'Primeira e única', pensei comigo
mesma.
Ter um pai que é um deus morto, não é
exatamente o que eu queria. Sempre tive vontade de conhecê-lo, mas ver Grover
seria o suficiente. Pena que ele nunca está no acampamento no verão, e vai lá
raramente.
Faz oito anos que Pan morreu, nessa
época eu tinha apenas sete anos. Como minha mãe conheceu meu pai, isso foi algo
que ela nunca me contou.
Olhei para os lados. Os irmãos filhos
de Hades estavam sentados no banco triplo atrás do meu. Ao meu lado estava um
casal de mãos dadas, no banco do outro lado tinham três amigas que estavam
entretidas em uma conversa.
- Noa? É esse o seu nome, não? -
perguntou a menina do meu lado.
- Sim. - falei - Qual seu nome? -
perguntei hesitante.
- Meu nome é Roberta, e este é meu
namorado o Leon. - o garoto ao seu lado sorriu.
- Prazer.
- Namorado uma vírgula... - sussurrou o
filho de Hades que estava sentado atrás de mim.
- Quando você vai aprender que isso foi
uma decisão minha e não sua, Matthew?
- Quando você vai entender que filhos
de Afrodite não são bons?
- Ignore-o. - ela disse revirando os
olhos - Meu irmão é muito ciumento para estas coisas.
- Desculpa. - sussurrei - Mas por que
você está falando comigo?
- Você vive afastada, quieta, sempre na
floresta. Ou lendo, quando está no pavilhão.
Arregalei os olhos surpresa.
- Como você notou tudo isso?
- Pode não parecer, mas me preocupo com
todos que ficam sozinhos. - ela sorriu solidária - Mas, me conte algo. Nunca
conversamos. Porque não conta algo sobre você? Que então contaremos algo sobre
nós.
- Comecem vocês.
- Eu primeiro. - disse Leon - Eu sou
filho de Afrodite, não ligo para moda, mas por natureza tenho estilo. Sou de
Nova York mesmo. Posso ser chato de vez em quando, e não sou muito paciente.
- Primeiramente, Roberta é muito
formal, pode me chamar de Robs como a maioria faz. - ela deu uma pausa - Fui
encontrada por Nico há cinco anos no orfanato em que vivia, não pude conhecer
minha mãe. Ela morreu logo assim que nasci. Já fui para o mundo inferior e me
dei bem com Perséfone. Incrivelmente. E tive uma pequena queda pelo Percy por algum
tempo. - esse último comentário fez seu namorado franzir as sobrancelhas - Mas
agora eu tenho o amor da minha vida! - ela puxou ele para um abraço.
- Acho bom mesmo. - respondeu ele.
- E você, Noa? - ela me perguntou.
- Eu sou filha de uma zoóloga, eu gosto
de ficar sozinha. E amo os animais, por isso fico na floresta grande parte do
tempo. Eu não sei lutar, nem sei porque estou nessa missão.
- Tem algo que você gostaria de
aprender? - questionou curiosa.
- Magia, porém não acho que tenho
talento para isso.
- Talvez você possa aprender algo, não
é Lena?
Uma menina de cachos castanhos
avermelhados se virou, fazendo com que Lilian se virasse também.
- O que? - as duas perguntaram juntas.
- Noa gostaria de aprender magia, Lily.
Tem algo que você poderia ensiná-la.
Fiquei rígida ao ver os olhos verdes me
analisarem por completo, sua expressão era séria, e isso me deixou paralisada.
- Você podia ser uma curandeira. - ela
disse com um sorriso mínimo nos lábios. - Acho que posso te ensinar algo quando
chegarmos em Prince George.
- Onde?!
- No Canadá. Logo depois de irmos,
teremos de pegar um trem que irá até lá.
- E quanto ao resto? Como vamos fazer?
- Vamos alternando conforme o terreno.
- deu de ombros.
Todos agora estavam prestando atenção
na conversa.
- Pode explicar para onde teremos de
ir? - Taylor perguntou - Não sabemos nada do que vai acontecer na missão.
Lilian passou a mão pelo cabelo, e deu
um resumo da missão, e do que estava acontecendo. Falou quem estava designado
para qual missão.
- E é isso. Só tenho alguns avisos. -
nessa hora ela estreitou os olhos, encarando cada um de nós - Temos apenas duas
semanas para fazer tudo isso, espero que não tenham problemas pessoais durante
a missão. Pode não ser o correto. Mas irei me certificar de que vocês não continuarão
se isso acontecer.
Helena, que estava ao seu lado,
arregalou os olhos surpresa.
- Como assim...? - perguntei - Que tipo
de problemas pessoais?
- Como esses dois. - ela indicou Taylor
e Matt com os olhos - Se tiverem brigas por motivos bobos, em menos de um dia
vocês estarão no acampamento.
Todos engoliram em seco.
- Agora vamos sair porque acabamos de
chegar. - ela se levantou, indo em direção a porta da van.
Realmente, tínhamos chegado. Eu achei
que a viagem seria um pouquinho mais longa, mas parece que me enganei.
- Quem vai acordar os pombinhos? -
Matthew questionou arqueando uma sobrancelha.
POV: Kath
Senti alguém afagar minha cabeça e gemi
protestando.
- Eu não tenho que acordar agora... -
reclamei enfiando minha cara no travesseiro.
- Vamos, Kath... Nós vamos nos atrasar
para o voo. - falou uma voz muito conhecida. - Depois você pode voltar a
dormir.
- Tudo bem.
Todos estavam sentados, esperando,
apenas Lilian e Helena voltarem com as passagens. E, incrivelmente, estavam
quietos.
- Eu estou me perguntando desde que
cheguei. Por que estão tão quietos? - Theo perguntou arqueando as sobrancelhas
- Alguém vai me responder?
- Lilian colocou ordem, somos um grupo
muito grande, e por juntarmos 'inimigos' podem acontecer brigas. A regra que
ela impôs foi realmente rigorosa.
- Ela tem a quem puxar. - ele deu um
meio sorriso.
- Pronto, em vamos logo para a sala de
embarque. Quanto mais rápido chegarmos, melhor. - Lilian falou, parecendo mais
ordenar.
Não sei o que me chamou a atenção, mas
meu olhar foi desviado para um rapaz que estava a alguns metros de nós. Ele
encarava Lilian, tinha certeza disso, apesar de não poder ver seus olhos. E
parece que ele sentiu que eu o observava também, logo deu as costas e sumiu
pelo portão.
- Vamos. - Theo me puxou com leveza,
fazendo-me voltar a realidade.
- Quanto tempo vai demorar? - Beatriz
perguntou virando a cabeça para olhar o relógio, esse movimento fez seus cachos
curtos balançarem.
- Mais quinze minutos. - Vitória
respondeu sem tirar os olhos da revista.
- Obrigada.
- Vou pegar alguma coisa para tomar.
Alguém quer? - perguntei, como permaneceram calados, supus que não.
Debrucei na bancada pedindo um café. A
pessoa do meu lado estava apenas com uma garrafa de água em sua frente, e
apoiava as mãos na cabeça.
- Acho que vi você encarando minha
amiga. Estou certa? - perguntei, ele não deu sinais de que ouviu o que falei, o
que me fez revirar os olhos - Não precisa responder. Só achei estranho.
Seu corpo começou a cair, como se ele
estivesse desmaiando, o amparei.
- Desculpa. - sussurrou com um sotaque
conhecido para mim.
- Apenas tome cuidado. E não fique
muito tempo de pé. É bom você ir se sentar.
Ele assentiu momentaneamente e saiu.
- Favor passageiros do voo 6792
dirijam-se para o portão de embarque.
POV: Viih
Já estava cansada de viajar por tantas
horas. Mal havíamos chegado em Seattle e Lily já nos levou para uma estação de
trem. Até parecia que íamos demorar tanto tempo assim para chegar.
Acho que estou exagerando, ela
concordou em passarmos o final do dia e pernoitar na cidade, de qualquer jeito.
O descanso foi pouco. E o local para onde estamos indo, no plano, estava fora
de cogitação, mas eu daria de tudo para ver as florestas do noroeste.
E isso não é pelo simples motivo do
acampamento protetor ficar lá.
Tudo bem. É sim.
Apesar da temperatura no verão não
ultrapassar, no máximo, cinco graus, eu estava acostumada.
Um verão em que se usa roupas de lã.
Nem queira saber do inverno.
Os dias não passaram exatamente
rápidos, tínhamos dez dias para completar a missão. E isso realmente não seria
muito fácil. Ainda estávamos no território do noroeste, um nome estranho para
estado.
- Como vamos conseguir com esse frio? -
Matthew reclamava - E olhe, é verão!
- Se não está acostumado, que feche a
matraca.
- Você consegue andar nesse frio?
Congelaremos até a morte!
- Um filho de Hades com medo da morte?
- arqueei uma sobrancelha.
- Calada! - reclamou - Não tenho medo
de morrer. Apenas não aguento esse frio.
Dei de ombros, ele se virou voltando
para perto da fogueira, passei os olhos pela floresta que estava a minha
frente. O ar que expirava saia em fumaças, ouvi um galho se partir, não muito
longe de onde me encontrava. E segui o som, apertando o cabo da adaga em meu
punho.
Fiquei em silêncio completo, outro
barulho. Mais um, mais próximo. Virei e empurrei a criatura contra o tronco
grosso da árvore.
- Quem é você e o que faz aqui? -
rosnei, pressionando a faca em sua garganta
A pessoa tinha o cabelo loiro repicado
e olhos castanhos claros, um sorriso fraco apareceu em seus lábios.
- Meu nome é Willian.